Era uma vez uma rosa que ao mar foi levada por grande tempestade.⁣
Era de vasta imensidão o chão d’água ao seu redor, era longo o caminho e o medo ainda maior. Pensou que seria um lago, pequeno, manso e perto da terra, mas as ondas denunciavam o que essa grande água era.⁣
A rosa que pareceu sem escolha de voltar,⁣
sem poder refazer seu caminho, se viu na incumbência de aprender a nadar⁣
e construir novo ninho. Fez suas raízes crescerem na água feito se fazia em terra firme, parecia mentira, coisa inventada ou que estava em um filme.⁣
Em vez de buscar em algo fincar,⁣
criou em suas pontas nadadeiras pequeninas, se levando com carinho por cada onda que havia.⁣
Nadou contente feito semente que acabava de brotar, sentiu-se tão bem que nem pensava na hora de chegar.⁣
Até que um dia a terra se fez próxima e⁣
suas raízes acostumadas ao antes logo foram ficando confortáveis. E a rosa pensou que ali era certo, que ali devia ficar, pensou ainda que a ninguém podia contar sua aventura de mar, até porque quem iria acreditar em uma rosa que sabia nadar?⁣
A rosa calou, ficou famosa por não falar e fingiu acreditar que ali era seu permanente lugar.⁣
Até que com uma forte ventania suas pétalas se espalharam pelo mundo afora⁣
e de flor nadadora descobriu que também podia voar.⁣
Descobriu que em muitos lugares ao mesmo tempo poderia estar. ⁣
Tinha pétala espalhada perfumando todo lugar.⁣
E a rosa percebeu que os medos sentidos no alto mar existiam também na terra firme e no mundo do ar. Os medos estavam nela e dela iriam partir assim que ela aprendesse a deixá-los também ir.⁣
A rosa tão bela, que sabia nadar, voar e na terra fincar, percebeu de repente que podia escolher por onde caminhar.⁣
E não precisava escolher pelo que parecia mais seguro ser, ela podia fazer acontecer.⁣
E o mar tão crescido, grande, parecendo infinito, passou a dar até flor.⁣
E o ar invisível, sereno e imprevisível lhe trouxe por si mesma o amor.⁣
E os caminhos escuros, os medos e incertezas tomaram novos rumos,⁣
a rosa agradeceu os momentos de dúvidas e pensamentos inseguros, pois lhe mostraram a certeza, não na jornada ou qualquer maneira de seguir, mas sim na forma que dentro de si podia sentir.

Renata.