Trouxe paz em um frasco pequeno. Era a essência em óleo. Colocava apressada e pesadamente. Indicava e falava a quem quisesse ouvir. Fazia até piada: A paz em um frasco, quem quer comprar?
Ela entra lentamente e se alastra. Mostra os cantos internos empoeirados, ilumina as rachaduras, evidencia as necessidades. Mas o tempo não lhe pareceu favorável. O relógio corria, a vida balançava e a pressa ditava o tom e apontava um único caminho: o mais curto. Foi aí que a paz ficou pesada. Que difícil carregar algo tão sereno e lento quando é preciso se apressar! Enchi a pele de espinhas, transbordei desequilíbrio…e então, talvez assim, tenha expressado o que a paz lá no início já apontava em mim, mas eu não dei ouvidos: poeira e falhas nas estruturas.

Respira a paz. Ela é lenta, tem ritmo de alma, é serena e não sabe acompanhar o peso da pressa. Comecei de novo. A paz é assim um momento. Todo o resto é paisagem. E eu passo – com treino, amor e sorte – no tempo necessário para a paz se instalar no coração. No meu tempo.

Mas veja, isso é tudo do lado de dentro. Tarefas, rotinas, casa, trabalho, filho. Tudo ainda gira e segue também seu próprio ritmo. E eu vou passando no meu tempo – com fé, amor e sorte – sem desesperar. Espalhando milímetros de paz – o pouco que tenho e o máximo que consigo transbordar.

Pacificar o terreno interno é mesmo uma luta.

da minha varanda,

Renata Brügger 🍃